24 de maio de 2010

INCLUSÃO AMBIENTAL

     Por Darci Bergmann

     Ouvi relatos de educadoras que alegavam dificuldades na implantação de algumas tarefas nas escolas em que atuavam. Uma das queixas dava conta de que o tema meio ambiente era tratado em uma ou outra disciplina, sem o envolvimento da comunidade escolar como um todo. É uma constatação da realidade no ensino. Existe muita teorização em termos de educação ambiental. De prático pouco acontece. Mas isto precisa mudar se realmente a sociedade quer uma escola transformadora. Ainda existem professores e professoras que acham que as suas disciplinas nada tem a ver com sustentabilidade ambiental e com a formação de um consumidor consciente. Isto talvez decorra do fato de que algumas pessoas, especializadas em suas disciplinas, não terem um comportamento adequado quando o assunto envolve o tema ambiental. Não só elas. Autoridades em vários campos do conhecimento e pessoas com altos graus de titulação ainda são verdadeiros analfabetos ambientais. Conheço experts que sequer são capazes de fazer uma destinação mais correta do lixo domiciliar, separando o lixo orgânico do lixo seco. Pessoas que, por terem poder aquisitivo acima da média, esbanjam energia e água como se estivessem num planeta de recursos ilimitados. Também empresas que fazem um grande estardalhaço com ações ambientais de resultados irrelevantes enquanto promovem a orgia consumista. As cenas do cotidiano nos mostram esses fatos. A sociedade reflete a educação que lhe é dada.
     Constatação recorrente é a que se vê nos próprios seminários de educação, das empresas, da classe política, dos sindicatos e associações em geral. Ali, entremeando exposições brilhantes dos palestrantes, ocorrem os chamados coffee breaks aqueles intervalos com guloseimas de todo o tipo. Via de regra, são a pedagogia do esbanjamento. Os copos quase sempre são descartáveis e amolecem com o café ou chá quente. Às vezes tem quatro ou cinco bolinhas de guloseima num prato de isopor. Pelo menos se os pratos fossem de papelão ainda seriam biodegradáveis. Depois de cada sessão dessas, as lixeiras ficam cheias de descartáveis. Alguns promotores de eventos chegam a dizer que isso vai para a reciclagem. Na verdade não é bem assim. Quase sempre é esbanjamento mesmo. Poucas vezes vi em congressos sucos, chás e café serem servidos em recipientes laváveis. Alega-se que os descartáveis são práticos e higiênicos. Isto é outra balela. Mudam o sabor do conteúdo, consomem matéria-prima e energia e viram lixo que tem custo para ter destino correto. E ainda podem contaminar os alimentos neles contidos. Líquidos quentes em copos plásticos podem liberar substâncias tóxicas como as dioxinas.

    Para termos de fato uma educação voltada para a sustentabilidade ambiental, todo o corpo docente de uma instituição de ensino, direção e funcionários devem implantar uma política de gestão ambiental. Caso contrário, ainda sairão de nossas escolas muitos analfabetos ambientais. Inclusão ambiental é um bom tema na área de educação.

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