19 de agosto de 2010

Planta indiana é controle alternativo para moscas-das-frutas

Um dos maiores entraves que se encontra em relação à produção e comercialização de frutas frescas no Brasil consiste na presença de moscas-das-frutas nas áreas comerciais. Para garantir a produção de frutas in natura com baixos níveis de agrotóxicos e sem presença de moscas-das-frutas, uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, estudou o controle alternativo de duas espécies de moscas-das-frutas — Anastrepha fraterculus (Wied.) e Ceratitis capitata (Wied.) —, mais prejudiciais à fruticultura brasileira.

No Brasil, as moscas-das-frutas são controladas basicamente por meio de iscas à base de inseticida mais atraente alimentar. Diferente dessa proposta, o pesquisador Marcio Alves da Silva optou pelo uso do nim (Azadirachta indica A. Juss.), planta indiana que possui vários compostos inseticidas e que foi introduzida no País na década de 1980.

O pesquisador, autor do estudo Avaliação do potencial inseticida de Azadirachta indica (Meliaceae) visando ao controle de moscas-das-frutas (Díptera: Tephritidae) comenta que a produção brasileira de frutas é concentrada em pólos regionais de desenvolvimento, caracterizados pela presença de produtores de pequeno, médio e grande porte, com pacote tecnológico variável e objetivos mercadológicos diversificados.

Considera, ainda, que o Brasil apresenta um mercado interno grande, pouco exigente e lucrativo. "Nesse cenário, ocorre migração de insetos-praga, para as áreas exportadoras, principalmente de moscas-das-frutas. Essas moscas são provenientes de áreas abandonadas ou de áreas com controle fitossanitário deficiente, resultando em aumento de custo de produção e posterior desestímulo ao modelo exportador", ressalta o pesquisador.

VANTAGENS

De acordo com o orientador do trabalho, professor José Djair Vendramin, do Departamento de Entomologia e Acarologia (LEA), algumas características específicas do nim o tornam bastante promissor para o uso no controle de pragas: "a planta não precisa ser destruída para se produzirem os extratos; possui uma multiplicidade de compostos, o que torna mais difícil aos insetos adquirirem resistência; a concentração de compostos ativos é alta; eles são solúveis em água, são fáceis de extrair e com baixo custo; pela sua forma de ação, eles são, de modo geral, mais tóxicos às pragas do que os inimigos naturais; os produtos são praticamente inócuos ao ambiente e ao homem; são totalmente biodegradáveis e com baixa persistência no ambiente."

Silva estudou a utilização de derivados do nim (extratos aquosos e orgânicos de amêndoas, folhas e ramos, além do óleo da amêndoa) compondo uma isca para adultos, substituindo os inseticidas. Avaliou o efeito dos derivados do nim como regulador de crescimento dos imaturos, esterilizante de adultos e, por fim, como deterrente de ovoposição.

"Os resultados iniciais obtidos com esse trabalho sugerem a adoção de duas medidas de controle alternativo para moscas-das-frutas. A primeira, visando ao controle da fase de larva em trânsito e ou pupa, estágio em que o inseto fica imobilizado no solo e, consequentemente, bastante vulnerável a medidas de controle. A segunda, utilizando os derivados do nim (Azadirachta indica A. Juss) como agentes repelentes de ovoposição numa perspectiva de implementação da estratégia de "push-pull" (atrai e mata)", conclui o pesquisador. Investigações pormenorizadas no sentido de disponibilizar essas duas estratégias para o fruticultor brasileiro serão executadas no LEA nos próximos anos.

MAIS INFORMAÇÕES

Pesquisador Márcio Alves Silva
Telefone: (19) 3429-4122 - Ramal 224




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