4 de junho de 2010

A FLORESTA COMO PROTETORA DO SOLO

Foto Comentada*

Por Darci Bergmann

Muito já se falou sobre a importância das florestas nativas na manutenção do equilíbrio ecológico. Aqui o termo floresta pode significar uma vegetação arbustiva ou até mesmo uma capoeira precursora de formação florestal mais densa. Em termos de proteção do solo, essa cobertura vegetal é imprescindível em alguns casos. Não preservá-la pode resultar em perdas incalculáveis de solo que fica à mercê da erosão. No momento em que se discute a alteração do código florestal, seria importante que os políticos prestassem mais atenção aos recados da natureza. Alegam alguns que os proprietários rurais seriam prejudicados caso a legislação atual fosse cumprida na íntegra. E quando emerge a questão social há que se buscar alternativas. No entanto, o tema parece envolver outros aspectos que não os ambientais. Há um determinado setor da sociedade que não quer nenhuma limitação no seu afã de produzir, não importa se alimento ou qualquer outra cultura. Nesse ponto reside o conflito para aceitação do código florestal. Um produtor rural pauta a sua atividade buscando lucro como qualquer outro empreendimento. Agora, é incompreensível que isso se faça sem um mínimo de preocupação com a sustentabilidade. Tenho visto algumas pessoas - e políticos entre elas - que fazem um discurso eivado de asneiras, desviando o foco das discussões. Há poucos dias, li na revista do CREA/RS matéria de um colega, engenheiro agrônomo, preocupado com a posição das entidades ambientalistas, que a seu juízo, estariam sendo financiadas pelo capital estrangeiro. O intuito dessas ONGs seria desestabilizar a produção brasileira de alimentos. Esqueceu-se o ilustre colega de dizer que nem todos os produtores rurais são efetivamente produtores de alimentos. É o caso da produção de tabaco, entre outros. Quanto às ONGs, parece que estão preocupados com entidades tipo Greenpeace, cujas sedes mundiais estão fora do Brasil. Ora, se é por isso, basta ver onde ficam as sedes das empresas que produzem agrotóxicos e outros insumos de produção. O político Aldo Rebelo mandou e-mails em que acusa o Greenpeace de estar a serviço de interesses estrangeiros, pois a sede dessa ONG é na Holanda. Só falta dizer que algumas dessas organizações tem braço armado e podem dispor de armas nucleares.

O festival de besteiras desse tipo é para encobrir os aspectos torpes da chamada reforma do código florestal. A discussão deve ser de cunho ambiental, visando garantir a integridade do patrimônio natural brasileiro às futuras gerações. Ninguém é contra a produção de alimentos, até porque esses podem ser produzidos com menos impactos ambientais. Há que se ter uma boa legislação que garanta a sustentabilidade da produção primária. Dezenas de milhões de hectares de terras brasileiras já foram degradadas pela não observância do código florestal, que não é tão novo assim. A primeira versão é de 1934. O que mais ameaça a produção de alimentos é a produção só no afã de ter lucro sem a preocupação de conservar o patrimônio natural.

*A foto acima mostra claramente a importância da cobertura florestal em áreas de declive acentuado. A encosta protegida não apresenta sinais de erosão. Mais abaixo, o pastoreio excessivo mostra os seus efeitos com as vossorocas já em estágio avançado. É provável que antes da pecuária extensiva, esse solo arenoso tenha sido usado como lavoura. Milhões de hectares de terras brasileiras precisam da proteção das florestas nativas. Outros aspectos relevantes dessas matas referem-se à conservação dos mananciais de água, da biodiversidade e da retenção de CO² para citar alguns.

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