16 de junho de 2010

NÓS E OS BICHOS (II)

Louva-deus, faxineiro do jardim*

Por Darci Bergmann



Entre os insetos um dos mais perseguidos tem sido o devoto louva-deus. Crenças antigas atribuíam-lhe fama de venenoso. A realidade é outra. O bichinho é inofensivo e tem função importante no equilíbrio ecológico. Alimenta-se de outros insetos, entre os quais moscas, mosquitos, borboletas, pulgões etc. Sua presença em hortas, jardins e pomares é bem-vinda porque reduz a população de insetos pragas.

Existem muitas espécies de louva-deus. Algumas fontes referem mais de 2.400. Talvez a mais conhecida no Sul do Brasil seja a espécie Mantis religiosa. Rei da camuflagem, o louva-deus fica discreto em meio às folhas verdes, aguardando as suas presas. Às vezes, ele se torna um alvo fácil das pessoas desinformadas. Numa noite de verão, vi dezenas de louva-deuses em torno das lâmpadas elétricas de um restaurante de beira-estrada. Havia dúvida se os bichos foram atraídos pela luz ou se estavam ali para apanharem outros insetos. Talvez as duas coisas. Recordo que houve grande alvoroço no local e os clientes eram orientados a ocuparem as mesas mais afastadas. Funcionários da casa, com vassouras, tentavam afastar e até matar os bichinhos. Cheguei a tempo de evitar o pior. Pedi calma à galera. Subi numa cadeira e apanhei um louva-deus e o coloquei sobre o meu ombro. Dali o bicho passou ao meu rosto barbudo, ante o espanto de dezenas de pessoas. Calmamente, expliquei-lhes o que aprendi na cadeira de Entomologia. Consegui libertar a maioria dos insetos e o compromisso dos funcionários do restaurante para que não mais os considerassem como inimigos. Alguns clientes encorajados pelo que viram tomaram nas mãos os antes temidos insetos.

Pela narrativa aqui exposta, fica evidente que a sociedade ainda tem medos infundados de muitas espécies animais, por total desinformação. Cada pessoa que tiver consciência sobre isso deve ser um educador. Você, caro leitor, pode fazer uma grande diferença. Ajude a esclarecer as pessoas. Não importa o local. E não precisa ser um especialista, até porque esses são poucos. Nós humanos já interferimos demais na Natureza, destruímos muitos habitats e ainda maltratamos animais por preconceito. O que se pede é um mínimo de observação mais atenta sobre a fantástica biodiversidade que nos cerca.

Foto: Darci Bergmann

Um comentário:

Peterson disse...

Acho muito bonitinho este bichinho, já tive medo, pois minha mãe e avós diziam que era venenoso, então descobri na escola que não é venenoso e hoje em dia não deixo ninguém matar um se eu estiver por perto e adoro pegá-los na mão.